quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Ministra Carmem Lúcia encaminha ao TRE/CE decisão do Recurso Especial Eleitoral sobre o caso Celso Crisóstomo.
Em consulta realizada ao sistema de acompanhamento processual do
Tribunal Superior Eleitoral - TSE foi verificado que a PETIÇÃO Nº 4714,
cujo assunto é Execução de Julgado, tendo como requerente: a Coligação
Canindé em Mãos Limpas e requerido: Francisco Celso Crisóstomo
Secundino, teve decisão por parte da Ministra Carmem Lúcia - Presidente
do TSE.
Acompanhe a íntegra da decisão:
PETIÇÃO N. 4714 - CANINDÉ/CE
Requerente: Coligação Canindé em Mãos Limpas
Advogado: Marcos Antônio Sampaio de Macedo
Requerido: Francisco Celso Crisóstomo Secundino
Advogados: André Luiz de Souza Costa e outros
DECISÃO
Eleições 2012. 1) Pedido de comunicação e diplomação de candidato. 2)
Registro de candidatura ao cargo de prefeito. 3) Comunicação ao Tribunal
Regional Eleitoral de decisão do Tribunal Superior Eleitoral.
Relatório
1. A Coligação Canindé em Mãos Limpas informa que o "Tribunal Superior
Eleitoral, na sessão jurisdicional do dia 21/11/2012, deu provimento aos
recursos eleitorais interpostos pelo Ministério Público Eleitoral e
pela Coligação recorrente, os autos do RESPE n. 28160, para o fim de
indeferir o registro de candidatura do candidato Francisco Celso
Crisóstomo Secundino, [...] ao cargo de Prefeito do Município de
Canindé. Saliente-se que referido acórdão fora publicado em sessão no
mesmo dia (21/11/2102), passando a produzir seus legais e jurídicos
efeitos" (fl. 2).
Ressalta que, apesar de opostos embargos de declaração contra o acórdão
do Tribunal Superior Eleitoral, "não têm efeito suspensivo, [...] o MM.
Juiz da 33ª Zona Eleitoral de Canindé (CE) achou por bem diplomar o
candidato ficha suja e sem registro ao cargo de Chefe do Poder Executivo
Municipal [...], afrontando direta e concretamente o acórdão proferido
por esta mais alta Corte Eleitoral do País" (fl. 3).
2. Requer a comunicação ao Tribunal Regional Eleitoral do Ceará da
decisão proferida por este Tribunal Superior, no julgamento do Recurso
Especial Eleitoral n. 28160, Relatora Ministra Nancy Andrighi, e a
consequente "diplomação do candidato à Chefia do Poder Executivo com
registro deferido mais bem cotado na ordem de votação" (fl. 3).
3. Em contrapartida, Francisco Celso Crisóstomo Secundino protocolou
petição (n. 1646/2013) pela qual que requer o indeferimento do pedido de
execução imediata do acórdão, pois ainda não transitado em julgado, e
contra o qual opôs, em 24.11.2012, embargos de declaração com pedido de
efeitos infringentes.
Informa ainda que a "mesma Coligação Canindé em Mãos Limpas¿, Domingos
Marcos Pires Coelho, apresentou Reclamação n. 146436, que teve negado
seguimento em decisão proferida em 20/12/2012 e publicada no DJe de
hoje" (fl. 2).
Apreciada a matéria trazida na espécie, DECIDO.
4. O Sistema de Acompanhamento de Documentos e Processos do Tribunal
Superior Eleitoral aponta que, na sessão de julgamento de 21.11.2012,
foi provido o Recurso Especial Eleitoral n. 28610, redatora para o
acórdão a Ministra Nancy Andrighi, contra o qual foram opostos embargos
de declaração ainda pendentes de julgamento.
5. Dispõe o art. 164 da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n. 23.372/2011:
¿Art. 164. Nas eleições majoritárias, respeitado o disposto no § 1º do
art. 162 desta resolução, serão observadas, ainda, as seguintes regras
para a proclamação dos resultados:
I - deve a Junta Eleitoral proclamar eleito o candidato que obteve a
maioria dos votos válidos, não computados os votos em branco e os votos
nulos, quando não houver candidatos com registro indeferido, ou, se
houver, quando os votos dados a esses candidatos não forem superiores a
50% da votação válida;
II - não deve a Junta Eleitoral proclamar eleito o candidato que obteve a
maioria da votação válida, quando houver votos dados a candidatos com
registros indeferidos, mas com recursos ainda pendentes, cuja nulidade
for superior a 50% da votação válida, o que poderá ensejar nova eleição,
nos termos do art. 224 do Código Eleitoral;
III - se a nulidade dos votos dados a candidatos com registro indeferido
for superior a 50% da votação válida e se já houver decisão do Tribunal
Superior Eleitoral indeferitória do pedido de registro, deverão ser
realizadas novas eleições imediatamente; caso não haja, ainda, decisão
do Tribunal Superior Eleitoral, não se realizarão novas eleições;
(...)".
5. O art. 168 daquela Resolução estabelece que ¿não poderá ser diplomado
nas eleições majoritárias ou proporcionais o candidato que estiver com o
seu registro indeferido, ainda que sub judice" , e o seu parágrafo
único revela que, ¿nas eleições majoritárias, se, à data da respectiva
posse, não houver candidato diplomado, caberá ao Presidente do Poder
Legislativo assumir e exercer o cargo, até que sobrevenha decisão
favorável no processo de registro, ou, se já encerrado esse, realizem-se
novas eleições, com a posse dos eleitos" .
6. Nenhum candidato ao cargo de chefe do Executivo municipal, portanto,
poderá ser proclamado eleito ou diplomado com registro de candidatura
indeferido, ainda que sub judice. Nesta situação, a Justiça Eleitoral
observa duas regras distintas: a) se o candidato com registro indeferido
tiver obtido menos de 50% dos votos válidos, poderá ser proclamado
eleito e diplomado o candidato que obteve a maioria dos votos válidos
remanescentes (art. 164, inc. I); b) se o candidato com registro
indeferido tiver obtido mais de 50% dos votos válidos, haverá novas
eleições no Município (art. 164, inc. II), devendo o Presidente da
Câmara Municipal assumir as funções inerentes ao cargo, se na data da
posse o candidato mais votado não tiver obtido decisão favorável em seu
processo de registro.
7. Tratando-se de nova eleição, esta somente poderá ser realizada após a
decisão do Tribunal Superior Eleitoral pelo indeferimento de registro
de candidatura (art. 164, inc. III), ficando a cargo do respectivo
Tribunal Regional Eleitoral a sua organização (art. 224 do Código
Eleitoral, combinado com o art. 180 da Resolução do Tribunal Superior
Eleitoral n. 23.372/2011
Nesse sentido, confira-se:
¿Mandado de segurança. Pretensão. Reassunção. Candidato. Registro indeferido.
1. O Tribunal, por intermédio da Res.-TSE nº 22.992/2009, entendeu
incabível a diplomação de candidato com registro indeferido, não
incidindo, na espécie, o disposto no art. 15 da Lei Complementar nº
64/90.
2. Se a nulidade atingir mais da metade da votação válida e se já houver
decisão do Tribunal Superior Eleitoral indeferindo o pedido de
registro, deverão ser realizadas novas eleições; caso não haja, ainda,
decisão desta Corte Superior, não se realizará, por ora, o novo pleito.
3. Em face da interposição de recurso especial pelo candidato a prefeito
- com registro indeferido - que teve a maioria dos votos válidos, não
há como, desde logo, ser realizada nova eleição no município, porquanto
essa determinação contraria o que deliberado na Res.-TSE nº 22.992/2009.
(...)" (AgR-MS n. 4240, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJe 16.10.2009).
8. Caberá ao órgão da Justiça Eleitoral competente verificar se a
situação concretamente analisada se subsume à norma do art. 164, inc. I,
da Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n. 23.372/2011 ou do art.
164, incisos II e III, da mesma Resolução, pois ¿este Tribunal não
determina as consequências da execução dessas decisões, sob pena de
usurpar a competência do juiz eleitoral, na eleição municipal, ou do
Tribunal Regional Eleitoral, no pleito estadual" (AgR-AC n. 1307, Rel.
Min. Fernando Neves, DJU 3.6.2005).
9. Ressalto que em 20.12.2012, neguei seguimento à Reclamação n. 146436,
ajuizada por Domingos Marcos Pires Coelho, contra ato de juiz eleitoral
que determinou a diplomação do atual prefeito de Canindé/CE, Francisco
Celso Crisóstomo Secundino, sob o fundamento de que
"no Recurso Especial Eleitoral n. 28160, Redatora para o acórdão
Ministra Nancy Andrighi, o Tribunal Superior Eleitoral nada decidiu
sobre o ato de diplomação de candidato eleito naquela localidade
(consequências jurídicas do processo de registro), pois `este Tribunal
não determina as consequências da execução dessas decisões, sob pena de
usurpar a competência do juiz eleitoral, na eleição municipal, ou do
Tribunal Regional Eleitoral, no pleito estadual¿ (AgR-AC n. 1307, Rel.
Min. Fernando Neves, DJU 3.6.2005)" .
10. Pelo exposto, defiro apenas o pedido de comunicação ao Tribunal
Regional Eleitoral do Ceará da decisão até então proferida pelo Tribunal
Superior Eleitoral no Recurso Especial Eleitoral n. 28610.
11. Encaminhe-se cópia do respectivo acórdão, se disponibilizada pelo Relator.
12. Junte-se aos autos a petição protocolada sob o n. 1646/2013.
Publique-se.
Brasília, 5 de fevereiro de 2013.
Ministra CÁRMEN LÚCIA
Presidente
material:
Portal C4 Notícias
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