Criação da Paróquia
As aspirações dos canindeenses, já por
todo esse tempo, visavam a criação da paróquia de São Francisco, visto
que o Pe. Vieira não podia satisfazer plenamente o seu sagrado
ministério. Um requerimento, despachado neste sentido, antes de 1800,
perdeu-se. Em 1801, os principais fazendeiros e outros moradores da zona
encaminharam outra petição expondo a triste situação religiosa dos
sertões canindeenses, lamentando a pouca diligência do vigário de S.
José de Ribamar em atender às necessidades espirituais de seus
paroquianos distantes e solicitando a criação de nova freguesia com a
matriz de São Francisco das Chagas. O vigário de S. José, Pe. Cláudio
Álvares da Costa, consultado a respeito, tentou desfazer os motivos
alegados, caindo porém nos mesmos exageros de seus acusadores; pois o
parecer escrito pelo Visitador eclesiástico, Pe. José Pereira de Castro e
dirigido ao Governador da diocese de Olinda, apoiava, em parte, as
queixas apresentadas pelos canindeenses. Entretanto o Governador da
diocese deixou de aceder ao requerimento por esperar com brevidade o
novo Bispo de Olinda.
Não consta ter havido outras tentativas
no intuito de se obter a criação da nova paróquia até 1816, após a
gestão do Pe. Francisco de Paula Barros, o qual, em 1813, fora empossado
tão-somente como capelão e não como administrador do patrimônio, tendo
deixado o cargo em dezembro de 1815, para se retirar às ribeiras do
Banabuiu; foi substituído em Canindé pelo Pe. Rodrigo José de Melo.
Foi, pois, em 1816, que os canindeenses
tornaram a requerer ao governo a graça solicitada em 1801. Apoiados que
se viram desta vez pelo Capitão-mor Antônio José Moreira Gomes, pelo
Governador do Ceará, Manuel Inácio de Sampaio, alegando este o recente
aumento da população, e especialmente pelo Pe. Francisco de Paula
Barros, o qual foi incumbido pela população de defende-lhes os
interesses na corte do Rio de Janeiro. Com efeito, em fins de julho,
seguiu o ex-capelão de Canindé para Olinda e reunidos na cúria diocesana
os documentos necessários, partiu em agosto para o Rio, onde não só
encaminhou o processo de fundação da freguesia de São Francisco, mas
também o de sua colação como vigário, prestando, para esse fim, o
costumeiro concurso, aos 28-1-1818.
Desta vez, o resultado não se fez
esperar; pois, obtida a 1-8-1817, a confirmação do Governador da diocese
de Olinda, foi desmembrada da freguesia de S. José a de São Francisco
das Chagas e elevado à categoria de Matriz o Santuário do mesmo
taumaturgo em Canindé. Aos 30 de outubro de 1817, o respectivo alvará
régio recebeu a assinatura de Dom João VI no Rio de Janeiro.
Fonte: WILLEKE, Frei Venâncio, OFM. Livro São Francisco das Chagas de Canindé.
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