domingo, 17 de março de 2013


CONSEQUÊNCIAS DA SECA

A falta de ação política causa os sofrimentos


Muitos discursos e pouco trabalho efetivo para permitir o convívio menos traumático do homem com a estiagem
A demagogia, o interesse próprio imediato e a superficialidade continuam sendo marcas dos nossos políticos, tanto nos espaços de situação quanto nos de oposição, salvo raríssimas exceções. Eles estão sempre prontos a falar sobre qualquer tema, mesmo entendendo pouco ou quase nada dele, assim exista a possibilidade de abertura de espaço na mídia. Cuidam muito bem das questões ligadas à sua própria futura eleição e nunca aprofundam uma discussão sobre fatos sociais inquietantes, carentes de urgentes atos e ações dos governantes em qualquer das esferas da administração.

Reunião de deputados estaduais, na semana passada, para a escolha do presidente e o relator de mais uma Comissão Especial para tratar de seca no Estado do Ceará. Eles escolheram João Jaime e Welington Landim FOTO: MARÍLIA CAMELO

O momento vivido pelos cearenses, em consequência da prolongada estiagem, dizimando os rebanhos, tornando a terra infértil e ameaçando a população até da falta de água para o seu consumo, infelizmente, tem motivado muitos, frequentes e inflados discursos clamando por ajuda para o sertanejo, exatamente pelo fato de suas falas repercutirem nos respectivos colégios eleitorais, gerando, para os menos desavisados, a falsa ideia de estarem realmente preocupados com o desastre produzido pela falta de chuvas.

É possível até se extrair de um ou outro pronunciamento, reclamando ações oficiais para minimizar os efeitos da miséria causada pela seca, palavras, frases afirmativas ou interrogativas a nos fazer admitir haver sinceridade ali. Mas, ao olharmos o antes e o depois dessas manifestações, logo o sentimento de todos quantos acompanham a movimentação política passa a ser de repulsa, dado o oportunismo nelas contido, aliada à exploração da fragilidade das pessoas necessitadas de resultados palpáveis e não de infrutíferos discursos.

Comissões
Quem já não sabe estar o Ceará, em várias das suas regiões, sentindo a falta da água, da produção agrícola, de ficar mais empobrecido com o desaparecer de grande parte do seu pequeno rebanho? Então, continuar com essa ladainha, além de nada mudar, serve apenas para manter apequenada a representação política. Qual o sentido de a Assembleia criar uma Comissão Especial para conhecer a desoladora situação do Interior? Em que resultaram as tantas outras nascidas com esse mesmo objetivo? De praticamente nada.

Os deputados cearenses, estaduais, federais e senadores, deveriam ter unido forças para reclamar providências bem antes de a calamidade se tornar realidade, não apenas agora, mas desde quando tomamos consciência de estarmos preparados para convivermos com esse fenômeno cíclico.

Se as obras de transposição de águas do Rio São Francisco tivessem recebido a devida atenção dos nossos representantes, a perspectiva de dias mais sombrios neste ano, e até o próximo inverno - Deus queira ele venha em 2014, não deixaria tão tenso os mais necessitados. Com um pouco de disposição para servir e de cumprir as obrigações do mandato, eles, os de hoje e seus antecessores, poderiam ter evitado a calamidade na extensão prevista para os próximos meses. Se o Ministério da Integração Nacional, responsável pela transposição, houvesse sofrido a pressão devida para cumprir, pelo menos o calendário inicial da obra, o quadro seria outro.

Desidiosos
Mas não falharam os nossos representantes somente em relação a essa obra federal. Continuam desidiosos, omissos e desinteressados em relação a outros projetos, cujos resultados minimizariam as dificuldades ocasionadas pela falta temporária de chuvas. Os perímetros irrigados no Estado do Ceará, por não serem explorados plenamente, são um verdadeiro atentado à consciência cidadã. E não respondem à proposta de suas concepções, só e tão-somente por falta de decisão política da administração federal. E, injustificavelmente, eles, representantes do povo, não fazem a necessária e imprescindível pressão para forçar a decisão.

Com os perímetros irrigados funcionando, mais famílias da área rural estariam trabalhando e garantindo, com a dignidade reclamada para todos, os meios de sobrevivência, além de contribuir com a economia do Estado ao garantir alguma produção agrícola para a satisfação das necessidades de um maior número de cearenses.

O custo do funcionamento desses equipamentos, sem dúvida, é infinitamente inferior aos gastos feitos com suas construções. É necessário gastar para evitar a destruição da parte inexplorada, mas melhor aproveitamento teria se o investimento fosse para garantir a sua exploração plena.

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