sexta-feira, 4 de maio de 2012

Abril de 2012 foi o mais seco dos últimos 32 anos no Ceará

A falta de chuvas em abril de 2012 é a pior desde 1980. No Sertão Central e Inhamuns, choveu em abril deste ano pouco mais do que foi registrado em abril de 1958, ano de uma das piores secas registradas no Estado.



Choveu 62,1 milímetros em abril deste ano no Ceará. A média deste mês é a menor registrada para um mês de abril desde 1980, quando choveu 55,5 mm no Estado. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). As chuvas de abril ficaram 70,8 % abaixo do esperado para o mês, um dos mais chuvosos historicamente. No dia 29 de abril, por exemplo, a Funceme não registrou chuva em nenhum município do Estado. 

No Sertão Central e Inhamuns, a situação de falta de chuvas é ainda mais grave. Choveu 32,1 mm em abril, marca que se aproxima da pior média já registrada nas duas regiões desde 1958: 29 mm. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, choveu 267,8 mm nas duas regiões, 50,3% abaixo da média histórica para o período.

No Vale do Jaguaribe, choveu 32,7 mm em abril deste ano, 83,4% a menos do esperado para o mês. O pior registro de chuvas na região, em um mês de abril, foi de 32 mm, também em 1958.

A meteorologista da Funceme Cláudia Rickes explica que a falta de chuvas se deve ao afastamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), sistema de nuvens que provoca chuvas para o norte do Nordeste e Amazônia.

“Nesse período do ano, normalmente ela se desloca para o sul da linha do Equador. Mas a temperatura superficial do oceano Atlântico tem interferido”, aponta. Segundo Cláudia, as águas do Atlântico Sul estão mais aquecidas do que no Atlântico Norte, o que não favorece a ocorrência de nuvens de chuva no Nordeste.

Outros dois fatores, segundo Cláudia, têm influenciado a não ocorrência das chuvas: a ação de uma massa de ar seco com alta pressão, denominada Oscilação Madden-Julian, e o enfraquecimento do fenômeno La Niña, que esfria as águas do Pacífico Sul. “Esse fenômeno favorece as chuvas (no Nordeste), mas o La Niña está enfraquecendo”, detalha.
 
Água e luz

Períodos secos no Ceará geralmente são acompanhados por aumento nos consumos de energia e água. Em fevereiro de 2010, ano de seca no Ceará, Fortaleza atingiu recordes de consumo de água e energia.

Nos três primeiros meses deste ano, a Companhia Energética do Ceará (Coelce) registrou aumento de 11,7% no consumo, no Estado, em relação ao primeiro trimestre de 2011. Foram consumidos 2.347 GWh (Gigawatts-hora) de janeiro a março deste ano. O maior crescimento de consumo foi entre moradores da zona rural, com resultado 36,9% superior ao de 2011.

O consumo de água também aumentou no Estado. Segundo a Companhia de Água e Esgoto no Ceará (Cagece), o aumento foi de 6,9% nos dois primeiros meses do ano, em comparação ao primeiro bimestre de 2011.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA

Ministério da Integração Nacional anunciou envio de R$ 199,9 milhões ao Ceará para ações emergenciais de assistência à população afetada com a seca. Além disso, cerca de R$ 1 bilhão deverá ser investido até 2014 em programas de enfrentamento à estiagem.

Número

62,1 mm
Foi a média de chuvas no Ceará em abril deste ano. Marca é a menor desde 1980

Serviço

Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme)
Endereço: Avenida Rui Barbosa, 1246, Aldeota. Fortaleza-CE 
Telefone: (85) 3101 1088
www.funceme.br 

Saiba Mais

Conforme O POVO mostrou na edição do último dia 29, as perdas nas colheitas são quase totais em municípios do Sertão Central e Inhamuns, além de Campos Sales e Salitre, no Cariri. A situação de abastecimento de água é crítica em cidades como Quiterianópolis, inclusive na sede, e Boa Viagem, na zona rural. De acordo com o secretário estadual do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, a estimativa é de que metade da safra de feijão do Estado esteja perdida. As perdas nas colheitas de milho chegam a 57%. E a tendência é o aumento das perdas nos próximos meses.

Pelo menos onze municípios cearenses decretaram situação de emergência em abril, mas nem todos tiveram a situação reconhecida pela Defesa Civil Estadual, por falta de documentos que comprovem a dificuldade de acesso da população à agua. A Defesa Civil Nacional está analisando os decretos de situação de emergência dos municípios de Iracema, no Vale do Jaguaribe, e de Quixeramobim, no Sertão Central. Até ontem, 18 açudes estavam com menos de 30% da capacidade de armazenamento, segundo monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

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